Exercícios sobre figuras de linguagem

Resolva esta lista de exercícios sobre figuras de linguagem, que podem ser de palavras ou de semântica, de pensamento, de sintaxe ou de construção, e de harmonia ou de som.

Publicado por: Warley Souza

Questões

  1. Questão 1

    (Enem)

    Tirinha de Frank e de Ernest em exercício do Enem sobre figuras de linguagem.

    Nesta tirinha, a personagem faz referência a uma das mais conhecidas figuras de linguagem para

    A) condenar a prática de exercícios físicos.

    B) valorizar aspectos da vida moderna.

    C) desestimular o uso das bicicletas.

    D) caracterizar o diálogo entre gerações.

    E) criticar a falta de perspectiva do pai.

  2. Questão 2

    (Enem)

    Amor é fogo que arde sem se ver;
    é ferida que dói e não se sente;
    é um contentamento descontente;
    é dor que desatina sem doer;

    É um não querer mais que bem querer;
    é solitário andar por entre a gente;
    é nunca contentar-se de contente;
    é cuidar que se ganha em se perder;

    É querer estar preso por vontade;
    é servir a quem vence, o vencedor;
    é ter com quem nos mata lealdade.

    Mas como causar pode seu favor
    nos corações humanos amizade,
    se tão contrário a si é o mesmo Amor?

    Luís de Camões.

    O poema tem, como característica, a figura de linguagem denominada antítese, relação de oposição de palavras ou ideias. Assinale a opção em que essa oposição se faz claramente presente.

    A) “Amor é fogo que arde sem se ver.”

    B) “É um contentamento descontente.”

    C) “É servir a quem se vence, o vencedor.”

    D) “Mas como causar pode seu favor.”

    E) “Se tão contrário a si é o mesmo Amor?”

  3. Questão 3

    (Enem) Oxímoro (ou paradoxo) é uma construção textual que agrupa significados que se excluem mutuamente. Para Garfield, a frase de saudação de Jon (tirinha abaixo) expressa o maior de todos os oxímoros.

    Tirinha do Garfield em exercício do Enem sobre figuras de linguagem.

    Folha de S. Paulo. 31 de julho de 2000.

    Nas alternativas abaixo, estão transcritos versos retirados do poema “O operário em

    construção”. Pode-se afirmar que ocorre um oxímoro em

    A) “Era ele que erguia casas

    Onde antes só havia chão.”

    MORAES, Vinicius de. Antologia poética. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

    B) “...a casa que ele fazia

    Sendo a sua liberdade

    Era a sua escravidão.”

    MORAES, Vinicius de. Antologia poética. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

    C) “Naquela casa vazia

    Que ele mesmo levantara

    Um mundo novo nascia

    De que sequer suspeitava.”

    MORAES, Vinicius de. Antologia poética. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

    D) “...o operário faz a coisa

    E a coisa faz o operário.”

    MORAES, Vinicius de. Antologia poética. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

    E) “Ele, um humilde operário

    Um operário que sabia

    Exercer a profissão.”

    MORAES, Vinicius de. Antologia poética. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

  4. Questão 4

    (Enem) Ferreira Gullar, um dos grandes poetas brasileiros da atualidade, é autor de “Bicho urbano”, poema sobre a sua relação com as pequenas e grandes cidades.

    Bicho urbano

    Se disser que prefiro morar em Pirapemas

    ou em outra qualquer pequena cidade do país

    estou mentindo

    ainda que lá se possa de manhã

    lavar o rosto no orvalho

    e o pão preserve aquele branco

    sabor de alvorada.

    .....................................................................

    A natureza me assusta.

    Com seus matos sombrios suas águas

    suas aves que são como aparições

    me assusta quase tanto quanto

    esse abismo

    de gases e de estrelas

    aberto sob minha cabeça.

    GULLAR, Ferreira. Toda poesia. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1991.

    Embora não opte por viver numa pequena cidade, o poeta reconhece elementos de valor no cotidiano das pequenas comunidades. Para expressar a relação do homem com alguns desses elementos, ele recorre à sinestesia, construção de linguagem em que se mesclam impressões sensoriais diversas. Assinale a opção em que se observa esse recurso.

    A) “e o pão preserve aquele branco/ sabor de alvorada”.

    B) “ainda que lá se possa de manhã/ lavar o rosto no orvalho”.

    C) “A natureza me assusta./ Com seus matos sombrios suas águas”.

    D) “suas aves que são como aparições/ me assusta quase tanto quanto”.

    E) “me assusta quase tanto quanto/ esse abismo/ de gases e de estrelas”.

  5. Questão 5

    (Enem)

    Propaganda de combate à violência sexual infantil em exercício do Enem sobre figuras de linguagem.

    Disponível em: www.portaldapropaganda.com.br. Acesso em: 29 out. 2013 (adaptado).

    Os meios de comunicação podem contribuir para a resolução de problemas sociais, entre os quais o da violência sexual infantil. Nesse sentido, a propaganda usa a metáfora do pesadelo para

    A) informar crianças vítimas de abuso sexual sobre os perigos dessa prática, contribuindo para erradicá-la.

    B) denunciar ocorrências de abuso sexual contra meninas, com o objetivo de colocar criminosos na cadeia.

    C) dar a devida dimensão do que é o abuso sexual para uma criança, enfatizando a importância da denúncia.

    D) destacar que a violência sexual infantil predomina durante a noite, o que requer maior cuidado dos responsáveis nesse período.

    E) chamar a atenção para o fato de o abuso infantil ocorrer durante o sono, sendo confundido por algumas crianças com um pesadelo.

  6. Questão 6

    (Enem)

    Aquele bêbado

    — Juro nunca mais beber — e fez o sinal da cruz com os indicadores. Acrescentou: — Álcool.

    O mais ele achou que podia beber. Bebia paisagens, músicas de Tom Jobim, versos de Mario Quintana. Tomou um pileque de Segall. Nos fins de semana, embebedava-se de Índia Reclinada, de Celso Antônio.

    — Curou-se 100% do vício — comentavam os amigos.

    Só ele sabia que andava mais bêbado que um gambá. Morreu de etilismo abstrato, no meio de uma carraspana de pôr do sol no Leblon, e seu féretro ostentava inúmeras coroas de ex-alcoólatras anônimos.

    ANDRADE, C. D. Contos plausíveis. Rio de Janeiro: Record, 1991.

    A causa mortis do personagem, expressa no último parágrafo, adquire um efeito irônico no texto porque, ao longo da narrativa, ocorre uma

    A) metaforização do sentido literal do verbo “beber”.

    B) aproximação exagerada da estética abstracionista.

    C) apresentação gradativa da coloquialidade da linguagem.

    D) exploração hiperbólica da expressão “inúmeras coroas”.

    E) citação aleatória de nomes de diferentes artistas.

  7. Questão 7

    (Enem)

    O ouro do século 21

    Cério, gadolínio, lutécio, promécio e érbio; sumário, térbio e disprósio; hólmio, túlio e itérbio. Essa lista de nomes esquisitos e pouco conhecidos pode parecer a escalação de um time de futebol, que ainda teria no banco de reservas lantânio, neodímio, praseodímio, európio, escândio e ítrio. Mas esses 17 metais, chamados de terras-raras, fazem parte da vida de quase todos os humanos do planeta. Chamados por muitos de “ouro do século 21”, “elementos do futuro” ou “vitaminas da indústria”, eles estão nos materiais usados na fabricação de lâmpadas, telas de computadores, tablets e celulares, motores de carros elétricos, baterias e até turbinas eólicas. Apesar de tantas aplicações, o Brasil, dono da segunda maior reserva do mundo desses metais, parou de extraí-los e usá-los em 2002. Agora, volta a pensar em retomar sua exploração.

    SILVEIRA, E. Disponível em: www.revistaplaneta.com.br. Acesso em: 6 dez. 2017 (adaptado).

    As aspas sinalizam expressões metafóricas empregadas intencionalmente pelo autor do texto para

    A) imprimir um tom irônico à reportagem.

    B) incorporar citações de especialistas à reportagem.

    C) atribuir maior valor aos metais, objeto da reportagem.

    D) esclarecer termos científicos empregados na reportagem.

    E) marcar a apropriação de termos de outra ciência pela reportagem.

  8. Questão 8

    (Enem)

    Aquarela

    O corpo no cavalete
    é um pássaro que agoniza
    exausto do próprio grito.
    As vísceras vasculhadas
    principiam a contagem
    regressiva.
    No assoalho o sangue
    se decompõe em matizes
    que a brisa beija e balança:
    o verde — de nossas matas
    o amarelo — de nosso ouro
    o azul — de nosso céu
    o branco o negro o negro

    CACASO. In: HOLLANDA, H. B. (org.). 26 poetas hoje. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2007.

    Situado na vigência do Regime Militar que governou o Brasil, na década de 1970, o poema de Cacaso edifica uma forma de resistência e protesto a esse período, metaforizando:

    A) as artes plásticas, deturpadas pela repressão e censura.

    B) a natureza brasileira, agonizante como um pássaro enjaulado.

    C) o nacionalismo romântico, silenciado pela perplexidade com a Ditadura.

    D) o emblema nacional, transfigurado pelas marcas do medo e da violência.

    E) as riquezas da terra, espoliadas durante o aparelhamento do poder armado.

  9. Questão 9

    (Enem)

    Gripado, penso entre espirros em como a palavra gripe nos chegou após uma série de contágios entre línguas. Partiu da Itália em 1743 a epidemia de gripe que disseminou pela Europa, além do vírus propriamente dito, dois vocábulos virais: o italiano influenza e o francês grippe. O primeiro era um termo derivado do latim medieval influentia, que significava “influência dos astros sobre os homens”. O segundo era apenas a forma nominal do verbo gripper, isto é, “agarrar”. Supõe-se que fizesse referência ao modo violento como o vírus se apossa do organismo infectado.

    RODRIGUES, S. Sobre palavras. Veja, São Paulo, 30 nov. 2011.

    Para se entender o trecho como uma unidade de sentido, é preciso que o leitor reconheça a ligação entre seus elementos. Nesse texto, a coesão é construída predominantemente pela retomada de um termo por outro e pelo uso da elipse. O fragmento do texto em que há coesão por elipse do sujeito é:

    A) “[...] a palavra gripe nos chegou após uma série de contágios entre línguas.”

    B) “Partiu da Itália em 1743 a epidemia de gripe [...].”

    C) “O primeiro era um termo derivado do latim medieval influentia, que significava ‘influência dos astros sobre os homens’.”

    D) “O segundo era apenas a forma nominal do verbo gripper [...].”

    E) “Supõe-se que fizesse referência ao modo violento como o vírus se apossa do organismo infectado.”

  10. Questão 10

    (Enem)

    Tirinha de Cury em exercício do Enem sobre figuras de linguagem.

    A tirinha denota a postura assumida por seu produtor frente ao uso social da tecnologia para fins de interação e de informação. Tal posicionamento é expresso, de forma argumentativa, por meio de uma atitude

    A) crítica, expressa pelas ironias.

    B) resignada, expressa pelas enumerações.

    C) indignada, expressa pelos discursos diretos.

    D) agressiva, expressa pela contra-argumentação.

    E) alienada, expressa pela negação da realidade.

  11. Questão 11

    (Enem)

    A vida deveria nos oferecer um lugarzinho no rodapé da nossa história pessoal para eventuais erratas, como em tese de doutorado. Pelas vezes em que na infância e adolescência a gente foi bobo, foi ingênuo, foi indesculpavelmente romântico, cego e teimoso, devia haver uma errata possível. Como quando a gente acreditou que se fosse bonzinho ganharia aquela bicicleta; que todos os professores eram sábios e justos e todas as autoridades decentes; e quando a gente acreditou que pai e mãe eram imortais ou perfeitos.

    Devia haver erratas que anulassem bobagens adultas: botei fora aquela oportunidade, não cuidei da minha grana, fui onipotente, perdi quem era tão precioso para mim, escolhi a gostosona em lugar da parceira alegre e terna; fiquei com aquele cara porque com ele seria mais divertido, mas no fundo eu não o queria como meu amigo e pai dos meus filhos. Profissionalmente não me preparei, não me preveni, não refleti, não entendi nada, tomei as piores decisões. Ah, que bom seria se essas trapalhadas pudessem ser anuladas com uma boa errata! Em geral, não podem.

    Por todas as vezes que desviamos o olhar lúcido ou recolhemos o dedo denunciador, pagaremos — talvez num futuro não muito distante — um alto preço, durante um tempo incalculavelmente longo. E não haverá erratas.

    LUFT, L. Errata de pé de página. Veja, n. 28, 18 jul. 2007 (adaptado).

    No texto, a autora propõe o uso metafórico da errata como recurso para

    A) assumir uma posição humilde diante da efemeridade da vida.

    B) evitar decisões equivocadas advindas da inexperiência.

    C) antecipar as consequências das nossas ações.

    D) promover um maior amadurecimento intelectual.

    E) rever atitudes realizadas no passado.

  12. Questão 12

    (Enem)

    A rua

    A rua nasce, como o homem, do soluço, do espasmo. Há suor humano na argamassa do seu calçamento. Cada casa que se ergue é feita do esforço exaustivo de muitos seres, e haveis de ter visto pedreiros e canteiros, ao erguer as pedras para as frontarias, cantarem, cobertos de suor, uma melopeia tão triste que pelo ar parece um arquejante soluço. A rua sente nos nervos essa miséria da criação, e por isso é a mais igualitária, a mais socialista, a mais niveladora das obras humanas.

    JOÃO DO RIO. A alma encantadora das ruas. São Paulo: Cia. das Letras, 2008.

    Nesse trecho, as metáforas usadas pelo narrador caracterizam a rua como um lugar que retrata a

    A) luta pelas posições sociais.

    B) transformação cultural da cidade.

    C) expressão de emoções conflitantes.

    D) tradição musical presente em uma localidade.

    E) dinâmica do trabalho na constituição do espaço urbano.

  13. Questão 13

    (Enem)

    Irmãos em livros

    Outro dia, num táxi, o motorista me disse que “gostava de ler” e “comprava muitos livros”. Dei-lhe parabéns e perguntei qual era sua livraria favorita. Respondeu que “gostava de todas”, mas, de há alguns anos, só comprava livros pela internet. Ah, sim? Comentei que também gostava de todos os táxis, mas, a partir dali, passaria a andar só de transporte por aplicativo. Ele diminuiu a marcha, como se processasse a informação. Virou-se para mim e disse: “Entendi. O senhor tem razão”.

    CASTRO, R. Folha de S. Paulo, 7 dez. 2018.

    Nessa crônica, a ironia é utilizada com o objetivo de

    A) criticar a mudança no padrão de consumo dos leitores.

    B) valorizar o nível de informação dos motoristas de táxi.

    C) questionar a oferta do transporte público no país.

    D) contestar a qualidade dos livros impressos.

    E) estimular o comércio eletrônico de livros.

  14. Questão 14

    (Enem)

    Mar português

    Ó mar salgado, quanto do teu sal
    São lágrimas de Portugal!
    Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
    Quantos filhos em vão rezaram!
    Quantas noivas ficaram por casar
    Para que fosses nosso, ó mar!

    Valeu a pena? Tudo vale a pena
    Se a alma não é pequena.
    Quem quer passar além do Bojador
    Tem que passar além da dor.
    Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
    Mas nele é que espelhou o céu.

    PESSOA, F. Mensagens. São Paulo: Difel, 1986.

    Nos versos 1 e 2, a hipérbole e a metonímia foram utilizadas para subverter a realidade. Qual o objetivo dessa subversão para a constituição temática do poema?

    A) Potencializar a importância dos feitos lusitanos durante as grandes navegações.

    B) Criar um fato ficcional ao comparar o choro das mães ao choro da natureza.

    C) Reconhecer as dificuldades técnicas vividas pelos navegadores portugueses.

    D) Atribuir as derrotas portuguesas nas batalhas às fortes correntes marítimas.

    E) Relacionar os sons do mar ao lamento dos derrotados nas batalhas do Atlântico.

  15. Questão 15

    (Enem)

    pessoas com suas malas

    mochilas e valises

    chegam e se vão

    se encontram

    se despedem

    e se despem

    de seus pertences

    como se pudessem chegar

    a algum lugar

    onde elas mesmas

    não estivessem

    RUIZ, A. In: SANT’ANNA, A. Rua Aribau: coletânea de poemas. Porto Alegre: TAG, 2018.

    Esse poema, por meio da ideia de deslocamento, metaforiza a tentativa de pessoas

    A) buscarem novos encontros.

    B) fugirem da própria identidade.

    C) procurarem lugares inexplorados.

    D) partirem em experiências inusitadas.

    E) desaparecerem da vida em sociedade.

  16. Questão 16

    (Enem)

    Cap. XLVIII/ Terpsícore

    Ao contrário do que ficou dito atrás, Flora não se aborreceu na ilha. Conjeturei mal, emendo-me a tempo. Podia aborrecer-se pelas razões que lá ficam, e ainda outras que poupei ao leitor apressado; mas, em verdade, passou bem a noite. A novidade da festa, a vizinhança do mar, os navios perdidos na sombra, a cidade defronte com os seus lampiões de gás, embaixo e em cima, na praia e nos outeiros, eis aí aspectos novos que a encantaram durante aquelas horas rápidas.

    Não lhe faltavam pares, nem conversação, nem alegria alheia e própria. Toda ela compartia da felicidade dos outros. Via, ouvia, sorria, esquecia-se do resto para se meter

    consigo. Também invejava a princesa imperial, que viria a ser imperatriz um dia, com o absoluto poder de despedir ministros e damas, visitas e requerentes, e ficar só, no mais recôndito do paço, fartando-se de contemplação ou de música. Era assim que Flora definia o ofício de governar. Tais ideias passavam e tornavam. De uma vez alguém lhe disse, como para lhe dar força: “Toda alma livre é imperatriz!”.

    ASSIS, M. Esaú e Jacó. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1974.

    Convidada para o último baile do Império, na Ilha Fiscal, localizada no Rio de Janeiro, Flora devaneia sobre aspectos daquele contexto, no qual o narrador ironiza a

    A) promessa de esperança com o futuro regime.

    B) alienação da elite em relação ao fim da monarquia.

    C) perspectiva da contemplação distanciada da capital.

    D) animosidade entre população e membros da nobreza.

    E) fantasia de amor e de casamento da mulher burguesa.

  17. Questão 17

    (Enem)

    O adolescente

    A vida é tão bela que chega a dar medo.

    Não o medo que paralisa e gela,
    estátua súbita,
    mas

    esse medo fascinante e fremente de curiosidade que faz
    o jovem felino seguir para frente farejando o vento
    ao sair, a primeira vez, da gruta.

    Medo que ofusca: luz!

    Cumplicentemente,
    as folhas contam-te um segredo
    velho como o mundo:

    Adolescente, olha! A vida é nova...
    A vida é nova e anda nua
    — vestida apenas com o teu desejo!

    QUINTANA, M. Nariz de vidro. São Paulo: Moderna, 1998.

    Ao abordar uma etapa do desenvolvimento humano, o poema mobiliza diferentes estratégias de composição. O principal recurso expressivo empregado para a construção de uma imagem da adolescência é a

    A) hipérbole do medo.

    B) metáfora da estátua.

    C) personificação da vida.

    D) antítese entre juventude e velhice.

    E) comparação entre desejo e nudez.

  18. Questão 18

    (Enem)

    O corrupião

    Escaveirado corrupião idiota,
    Olha a atmosfera livre, o amplo éter belo,
    E a alga criptógama e a úsnea e o cogumelo,
    Que do fundo do chão todo o ano brota!

    Mas a ânsia de alto voar, de à antiga rota
    Voar, não tens mais! E pois, preto e amarelo,
    Pões-te a assobiar, bruto, sem cerebelo
    A gargalhada da última derrota!

    A gaiola aboliu tua vontade.
    Tu nunca mais verás a liberdade!...
    Ah! Tu somente ainda és igual a mim.

    Continua a comer teu milho alpiste.
    Foi este mundo que me fez tão triste,
    Foi a gaiola que te pôs assim!

    ANJOS, A. Eu e outras poesias. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 30 out. 2021.

    Nesse soneto, a imagem e o comportamento do pássaro são utilizados pelo eu lírico para metaforizar o

    A) sofrimento provocado pela solidão.

    B) instinto de revolta perante as injustiças.

    C) contraste entre natureza e civilização.

    D) declínio relacionado ao envelhecimento.

    E) gesto de resignação ante as privações diárias.

  19. Questão 19

    (Enem)

    Esaú e Jacó

    Bárbara entrou, enquanto o pai pegou da viola e passou ao patamar de pedra, à porta da esquerda. Era uma criaturinha leve e breve, saia bordada, chinelinha no pé. Não se lhe podia negar um corpo airoso. Os cabelos, apanhados no alto da cabeça por um pedaço de fita enxovalhada, faziam-lhe um solidéu natural, cuja borla era suprida por um raminho de arruda. Já vai nisto um pouco de sacerdotisa. O mistério estava nos olhos. Estes eram opacos, não sempre nem tanto que não fossem também lúcidos e agudos, e neste último estado eram igualmente compridos; tão compridos e tão agudos que entravam pela gente abaixo, revolviam o coração e tornavam cá fora, prontos para nova entrada e outro revolvimento. Não te minto dizendo que as duas sentiram tal ou qual fascinação. Bárbara interrogou-as; Natividade disse ao que vinha e entregou-lhe os retratos dos filhos e os cabelos cortados, por lhe haverem dito que bastava.

    — Basta, confirmou Bárbara. Os meninos são seus filhos?

    — São.

    ASSIS, M. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.

    No relato da visita de duas mulheres ricas a uma vidente no Morro do Castelo, a ironia — um dos traços mais representativos da narrativa machadiana — consiste no

    A) modo de vestir dos moradores do morro carioca.

    B) senso prático em relação às oportunidades de renda.

    C) mistério que cerca as clientes de práticas de vidência.

    D) misto de singeleza e astúcia dos gestos da personagem.

    E) interesse do narrador pelas figuras femininas ambíguas.

  20. Questão 20

    (Facape)

    Em defesa dos adjetivos

    Muitas vezes nos mandam cortar nossos adjetivos. O bom estilo, conforme dizem, sobrevive perfeitamente sem eles; bastariam o resistente arco dos substantivos e a flecha

    dinâmica e onipresente dos verbos. Contudo, um mundo sem adjetivos é triste como um hospital no domingo. A luz azul se infiltra pelas janelas frias, as lâmpadas fluorescentes emitem um murmúrio débil.

    [...]

    ZAGAJEWSKI, Adam. Piauí. N. 52, jan. 2011. p. 47.

    No trecho “um mundo sem adjetivos é triste como um hospital no domingo” existe a seguinte figura de palavra:

    A) Catacrese.

    B) Comparação.

    C) Antonomásia.

    D) Sinédoque.

    E) Metáfora.

  21. Questão 21

    (Facape)

    Texto I

    Em defesa dos adjetivos

    Muitas vezes nos mandam cortar nossos adjetivos. O bom estilo, conforme dizem, sobrevive perfeitamente sem eles; bastariam o resistente arco dos substantivos e a flecha

    dinâmica e onipresente dos verbos. Contudo, um mundo sem adjetivos é triste como um hospital no domingo. A luz azul se infiltra pelas janelas frias, as lâmpadas fluorescentes emitem um murmúrio débil.

    Substantivos e verbos bastam apenas a soldados e líderes de países totalitários. Pois o adjetivo é o imprescindível avalista da individualidade de pessoas e coisas. Vejo uma pilha de melões na bancada de uma quitanda. Para um adversário dos adjetivos, não há dificuldade: “Melões estão empilhados na bancada da quitanda”. Todavia um dos melões é pálido como a tez de Talleyrand quando discursou no Congresso de Viena; outro é verde, imaturo, cheio de arrogância juvenil; outro ainda tem faces encovadas e está perdido num silêncio profundo e fúnebre, como se não suportasse a saudade dos campos da Provença. Não há dois melões iguais. Uns são ovais, outros são bojudos. Duros ou macios. Têm cheiro do campo, do pôr do sol, ou estão secos, resignados, exauridos pela viagem, pela chuva, pelo contato das mãos de estranhos, pelos céus cinzentos de um subúrbio parisiense.

    [...]

    ZAGAJEWSKI, Adam. Piauí. N. 52, jan. 2011. p. 47.

    Texto II

    Irene no céu

    Irene preta
    Irene boa
    Irene sempre de bom humor

    Imagino Irene entrando no céu:
    — Licença, meu branco!
    E São Pedro bonachão:
    — Entra, Irene. Você não precisa pedir licença.

    [...]

    Manuel Bandeira.

    Existe elipse em:

    A) “Substantivos e verbos bastam apenas a soldados e líderes de países totalitários” (Texto I).

    B) “Substantivos e verbos bastam” (Texto I).

    C) “Líderes de países totalitários” (Texto I).

    D) “Entra, Irene. Você não precisa pedir licença” (Texto II).

    E) “Não há dois melões iguais. Uns são ovais, outros são bojudos. Duros ou macios.” (Texto I).

  22. Questão 22

    (Enem)

    Eu amo a rua. Esse sentimento de natureza toda íntima não vos seria revelado por mim se não julgasse, e razões não tivesse para julgar, que este amor assim absoluto e assim exagerado é partilhado por todos vós. Nós somos irmãos, nós nos sentimos parecidos e iguais; nas cidades, nas aldeias, nos povoados, não porque soframos, com a dor e os desprazeres, a lei e a polícia, mas porque nos une, nivela e agremia o amor da rua. É este mesmo o sentimento imperturbável e indissolúvel, o único que, como a própria vida, resiste às idades e às épocas. Tudo se transforma, tudo varia — o amor, o ódio, o egoísmo. Hoje é mais amargo o riso, mais dolorosa a ironia. Os séculos passam, deslizam, levando as coisas fúteis e os acontecimentos notáveis. Só persiste e fica, legado das gerações cada vez maior, o amor da rua.

    João do Rio. A alma encantadora das ruas.

    Em “nas cidades, nas aldeias, nos povoados”, “hoje é mais amargo o riso, mais dolorosa a ironia” e “levando as coisas fúteis e os acontecimentos notáveis”, ocorrem, respectivamente, os seguintes recursos expressivos:

    A) eufemismo, antítese, metonímia.

    B) hipérbole, gradação, eufemismo.

    C) metáfora, hipérbole, inversão.

    D) gradação, inversão, antítese.

    E) metonímia, hipérbole, metáfora.

  23. Questão 23

    (USP)

    Vestindo água, só saído o cimo do pescoço, o burrinho tinha de se enqueixar para o alto, a salvar também de fora o focinho. Uma peitada. Outro tacar de patas. Chu-áa! Chu-áa... — ruge o rio, como chuva deitada no chão. Nenhuma pressa! Outra remada, vagarosa. No fim de tudo, tem o pátio, com os cochos, muito milho, na Fazenda; e depois o pasto: sombra, capim e sossego... Nenhuma pressa. Aqui, por ora, este poço doido, que barulha como um fogo, e faz medo, não é novo: tudo é ruim e uma só coisa, no caminho: como os homens e os seus modos, costumeira confusão. É só fechar os olhos. Como sempre. Outra passada, na massa fria. E ir sem afã, à voga surda, amigo da água, bem com o escuro, filho do fundo, poupando forças para o fim. Nada mais, nada de graça; nem um arranco, fora de hora. Assim.

    João Guimarães Rosa. O burrinho pedrês, Sagarana.

    Como exemplos da expressividade sonora presente neste excerto, podemos citar a onomatopeia, em “Chu-áa! Chu-áa...”, e a fusão de onomatopeia com aliteração, em

    A) “vestindo água”.

    B) “ruge o rio”.

    C) “poço doido”.

    D) “filho do fundo”.

    E) “fora de hora”.

  24. Questão 24

    (Ufla)

    Aquecimento global: o grande desafio do futuro (e do presente)

    [...]

    Até 2100, a temperatura do planeta pode estar até 6ºC mais alta. Pode parecer pouco, mas se nada for feito para reverter a situação, isso será suficiente para derreter o gelo do Polo Norte e elevar em 59 centímetros o nível dos mares. Segundo os cientistas, essa alteração vai mudar a geografia do planeta, fazendo desaparecer grandes extensões litorâneas e ilhas e desertificando áreas agrícolas produtivas. Além disso, a população da Terra estará sujeita a ondas de calor extremo, enxurradas frequentes e ciclones cada vez mais intensos. Milhões de pessoas passarão a integrar uma nova categoria de refugiados: as vítimas das mudanças provocadas pelos efeitos climáticos.

    [...]

    A agricultura pode ser vítima e vilã ao mesmo tempo quando o assunto é mudança climática. As atividades agrícolas são tanto vulneráveis à mudança global do clima quanto emissoras de gases de efeito estufa, como metano, dióxido de carbono, o popular gás carbônico.

    No Brasil, do total das emissões de metano provenientes de atividades agrícolas, a pecuária contribui com cerca de 96%. Desse total, a população bovina foi responsável por emitir mais de 7 milhões de toneladas. A pecuária ruminante constitui uma importante fonte de emissão de metano, potente gás de efeito estufa. As emissões globais geradas a partir do processo digestivo do gado correspondem a cerca de 22% das emissões totais geradas por fontes antrópicas (atividades humanas).

    Mas o que cada um de nós pode fazer para mudar esse futuro?

    Eliana Lima e Cristiane Tordin — Folha da Embrapa — Ano XV — março de 2007 (com adaptações).

    Considerando o sentido metafórico atribuído aos vocábulos grifados no trecho “A agricultura pode ser vítima e vilã ao mesmo tempo...”, a ideia é de que

    A) é “vítima” porque se sacrifica aos interesses de outrem; e é “vilã” porque é rústica.

    B) é “vítima” porque se sacrifica por algo; e é “vilã” porque revela suas baixas tendências.

    C) é “vítima” porque sofre dano ou prejuízo; e é “vilã” porque comete ações más.

    D) é “vítima” porque sofre com a agressividade das próprias ações; e é “vilã” porque é desprezível.

  25. Questão 25

    (IFPE)

    Tirinha do Chico Bento em exercício do Enem sobre figuras de linguagem.

    Disponível em: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/discovirtual/galerias/imagem/00000

    00447/0000003347.jpg. Acesso em: 22 set. 2015.

    O humor da tirinha, no texto, foi conferido, sobretudo, pela não compreensão por parte da personagem Chico Bento da figura de linguagem utilizada por seu interlocutor. A essa referida figura de linguagem dá-se o nome de

    A) anáfora.

    B) metonímia.

    C) perífrase.

    D) hipérbole.

    E) aliteração.

  26. Questão 26

    (Ufla)

    Tempo high touch*

    A maneira como vivemos no tempo mudou num ritmo constante durante os últimos cem anos, e de maneira drástica nos dez últimos anos. A vida moderna restringe nossa ligação com os ritmos e os sons da natureza. pouco mais de um século, antes da eletricidade, dos telefones celulares e dos e-mails, as pessoas acordavam quando o sol se levantava, iam para a cama quando o sol se punha, ingeriam refeições de legumes cultivados em casa e trabalhavam perto de seus lares. As pessoas falavam dos momentos como fugazes, das lembranças como duradouras e advertiam seus filhos com frases tais como “a pressa é inimiga da perfeição”. As histórias começavam com a frase “era uma vez”, e, efetivamente, entendíamos o que isso significava. Os dias baseavam-se mais na presença da luz do que nas horas, e os anos mais nas estações do que no calendário. Uma carta demorava semanas para cruzar o país, e a resposta demorava mais ainda.

    O tempo era marcado pelos ritmos da natureza: marés, ciclos lunares, estações, estrelas, nascer do sol, pôr do sol, sombras, plantas. No século IV a. C., um escriba de Alexandre, o Grande, observou que as folhas de certas árvores abriam durante o dia e fechavam durante a noite. No século XVIII, o naturalista Carolus Linnaeus descobriu que as pétalas de certas flores abriam e fechavam em épocas regulares. Ele criou um jardim, de modo que podia dizer a hora do dia olhando para as plantas.

    Esse tipo de percepção sutil se perdeu quando passamos a ter um relógio de parede, um relógio de pulso, um encontro marcado, um prazo final.

    *High touch = reconhecer tudo aquilo que é maior do que nós. É abraçar a tecnologia que preserva nossa humanidade e rejeitar a tecnologia que se intromete na nossa privacidade. É aprender a viver como seres humanos numa época dominada pela tecnologia.

    High tech. High touch — A tecnologia e a nossa busca por significado. John Naisbitt et al. — Editora Cultrix (Com adaptações).

    No período “As pessoas falavam dos momentos como fugazes, das lembranças como duradouras [...]”, foi utilizado o seguinte recurso de linguagem:

    A) catacrese — emprego de um termo figurado por falta de um termo próprio.

    B) antítese — aproximação de palavras de sentidos opostos.

    C) ironia — sugestão contrária ao que as palavras parecem exprimir.

    D) pleonasmo — repetição da mesma ideia tanto do ponto de vista semântico quanto sintático.

  27. Questão 27

    (Ufla)

    O que querem as mulheres?

    Freud fez uma famosa indagação, que até hoje está lhe custando caro. Disse que depois de ter estudado tudo que podia sobre a mente humana, havia uma pergunta que não conseguia responder: “Afinal, o que querem as mulheres?”.

    Não só as feministas, mas até os homens sensatos acharam que o companheiro estava exagerando. E recentemente duas variantes de resposta a Freud surgiram. Uma foi o livro da americana Erika Jong, “O que querem as mulheres” (Record) e agora mais recentemente este filme com o Mel Gibson, “Do que as mulheres gostam”.

    [...]

    Agradecido pela deferência, Artur saiu à cata da resposta. Perguntava daqui, perguntava dali, mas nem os religiosos, nem os médicos, nem os inveterados conquistadores de corações femininos conseguiam lhe responder com clareza. Estava já o prazo se exaurindo, quando lhe informaram que havia uma bruxa que sabia a resposta. Foi procurá-la. Era uma bruxa como têm que ser as bruxas nas lendas: velha, desdentada, falando impropérios. Artur, no entanto, fez-lhe a pergunta. Ela lhe disse que lhe daria a resposta caso pudesse se casar com o cavaleiro Gawain, que era o mais belo e valoroso dos companheiros de Artur. Este, perplexo, foi ao amigo e lhe expôs a patética situação. Amigo que é amigo, sobretudo nas lendas, não vacila. Faria tudo para salvar o companheiro de peripécias, até mesmo casar com uma bruxa.

    [...]

    Não tem importância. É a melhor resposta que encontrei à inquietação de Freud. Mas agora gostaria de cutucar a onça com vara curta e indagar pelo outro lado da questão: “Afinal, o que querem os homens?”.

    Affonso Romano de Sant’Anna — Estado de Minas, domingo, 20 de maio de 2001, p. 12.

    No período “... nem os religiosos, nem os médicos, nem os inveterados conquistadores de corações femininos...”, temos, nos termos grifados, as seguintes figuras de linguagem:

    A) polissíndeto e metonímia.

    B) assíndeto e metáfora.

    C) elipse e catacrese.

    D) silepse e anacoluto.

    E) repetição e pleonasmo.

  28. Questão 28

    (Ufla) Leia o fragmento seguinte para responder à questão.

    Amor é um fogo que arde sem se ver,

    é ferida que dói e não se sente,

    é um contentamento descontente,

    é dor que desatina sem doer.

    [...]

    Luís de Camões.

    Nesse trecho, predominam duas figuras semânticas, que são

    A) metáfora e antítese.

    B) comparação e prosopopeia.

    C) metonímia e catacrese.

    D) metáfora e prosopopeia.

    E) metonímia e perífrase.

  29. Questão 29

    (UEL)

    O lado soft do metal

    O canadense Sam Dunn estudava refugiados guatemaltecos, mas resolveu voltar seu foco para outra “tribo”: fãs e músicos do heavy metal. Depois de cinco anos de filmagens, o antropólogo, fã do gênero, e o (codiretor) Scot McFadyen lançaram o documentário “Metal: a Headbanger’s Journey”, exibido em algumas cidades do Canadá, EUA e Inglaterra e com DVD à venda na internet. Dunn acredita que alcançou seu objetivo principal: desmistificar a imagem dos “metaleiros” como violentos e ignorantes. A maior polêmica abordada no filme diz respeito aos incêndios em igrejas cristãs na Noruega, no começo dos anos 90, provocados por pessoas envolvidas com o black metal, como o músico Jorn Tunsberg. “O cristianismo norueguês é uma força limitadora para muitos jovens, e o metal fornece escape para eles se rebelarem. Os incêndios têm mais relação com esse ressentimento do que com a música em si”, afirma.

    Adaptado da Revista Galileu. São Paulo, n. 180, editora Globo, jul. 2006, p. 11.

    O estrangeirismo, no título do texto, é utilizado para captar o contraditório. É correto afirmar que, usando o estrangeirismo, o autor recorreu a um recurso denominado:

    A) Eufemismo.

    B) Antítese.

    C) Aliteração.

    D) Onomatopeia.

    E) Hipérbole.

  30. Questão 30

    (Uefs)

    [...] Vai o navio navegando e o marinheiro dormindo, e o voador toca na vela, ou na corda, e cai palpitando. Aos outros peixes mata-os a fome e engana-os a isca, ao voador mata-o a vaidade de voar, e a sua isca é o vento. Quanto melhor lhe fora mergulhar por baixo da quilha e viver, que voar por cima das antenas e cair morto! [...]

    O voador fê-lo Deus peixe, e ele quis ser ave, e permite o mesmo Deus que tenha os perigos de ave e mais os de peixe. Todas as velas para ele são redes, como peixe, e todas as cordas laços, como ave. Vê, voador, como correu pela posta o teu castigo. Pouco há, nadavas vivo no mar com as barbatanas, e agora jazes em um convés, amortalhado nas asas. Não contente com ser peixe, quiseste ser ave, e já não és ave nem peixe: nem voar poderás já, nem nadar. [...]

    VIEIRA, Pe. Antônio. Os voadores. Vieira: trechos escolhidos (por Eugênio Gomes). Rio de Janeiro: Agir, 1971. p. 64. (Coleção Nossos Clássicos).

    Pe. Antônio Vieira, por meio de uma linguagem metafórica, faz uma reflexão crítica acerca

    A) da imortalidade.

    B) da hipocrisia.

    C) do egoísmo.

    D) da ambição.

    E) da injustiça.

  31. Questão 31

    (Ufam) Leia os versos abaixo, da autoria do poeta simbolista brasileiro Cruz e Sousa (1861-1898):

    Vozes veladas, veludosas vozes,

    Volúpias dos violões, vozes veladas

    Vagam nos velhos vórtices velozes

    Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.

    Neles, a figura de linguagem predominante é a:

    A) assonância.

    B) paronomásia.

    C) hipérbole.

    D) aliteração.

    E) onomatopeia.

  32. Questão 32

    (Uenp) Leia o período do texto a seguir.

    Ele sabia despertar significado, senso de propósito, vontade de “chegar lá” ou qualquer outro nome que você dê àquele brilho nos olhos que leva todos nós a mover céus e terra até atingir o objetivo traçado.

    Assinale a alternativa que apresenta, corretamente, a figura de linguagem presente no trecho sublinhado.

    A) Antítese.

    B) Eufemismo.

    C) Hipérbole.

    D) Prosopopeia.

  33. Questão 33

    (Uenp)

    Plena pausa

    Lugar onde se faz
    o que já foi feito,
    branco da página,
    soma de todos os textos,
    foi-se o tempo
    quando, escrevendo,
    era preciso
    uma folha isenta.

    Nenhuma página
    jamais foi limpa.
    Mesmo a mais Saara,
    ártica, significa.
    Nunca houve isso,
    uma página em branco.
    No fundo, todas gritam,
    pálidas de tanto.

    LEMINSKI, P. Toda poesia. São Paulo: Companhia das Letras, 2013. p. 185.

    Sobre os versos “Mesmo a mais Saara,/ ártica, significa”, assinale a alternativa correta.

    A) Há uma elipse do termo “página”.

    B) A referência a lugares é uma ironia.

    C) O primeiro termo sublinhado qualifica o segundo.

    D) O correto seria “significam”, no lugar de “significa”.

    E) Os termos sublinhados são metáforas de sujeira.

  34. Questão 34

    (UFJF)

    Texto I

    CLIII

    Criou a Natureza damas belas,
    Que foram de altos plectros celebradas;
    Delas tomou as partes mais prezadas,
    E a vós, Senhora, fez do melhor delas.

    Elas diante vós são as estrelas,
    Que ficam com vos ver logo eclipsadas.
    Mas se elas têm por sol essas rosadas
    Luzes de sol maior, felizes elas!

    Em perfeição, em graça e gentileza,
    Por um modo entre humanos peregrino,
    A todo belo excede essa beleza.

    Oh! Quem tivera partes de divino
    Para vos merecer! Mas se pureza
    De amor vale ante vós, de vós sou digno.

    CAMÕES, Luís de. Rimas: segunda parte, sonetos. In: Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2003. p. 529.

    Texto II

    34.

    Seu João, perdido de catarata negra nos dois olhos:

    — Meu consolo que, em vez de nhá Biela, vejo uma nuvem.

    TREVISAN, Dalton. 111 ais. Porto Alegre: L&PM, 2001, p. 39.

    As referências à Senhora de Camões (texto I) e à nhá Biela de Dalton Trevisan (texto II) têm em comum:

    A) as antíteses reiteradas.

    B) a comparação aos deuses.

    C) a metáfora celeste.

    D) a aliteração sibilante.

    E) a hipérbole da beleza.

  35. Questão 35

    (UFJF)

    “Retrato próprio”, de Manuel Maria du Bocage

    Magro, de olhos azuis, carão moreno,
    Bem servido de pés, meão na altura,
    Triste de face, o mesmo de figura,
    Nariz alto no meio, e não pequeno:

    Incapaz de assistir num só terreno,
    Mais propenso ao furor do que à ternura;
    Bebendo em níveas mãos por taça escura
    De zelos infernais letal veneno:

    Devoto incensador de mil deidades
    (Digo, de moças mil) num só momento,
    E somente no altar amando os frades:

    Eis Bocage, em quem luz algum talento;
    Saíram dele mesmo estas verdades
    Num dia em que se achou mais pachorrento.

    BOCAGE, Manuel Maria Barbosa du. Poemas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2015. p. 130.

    O texto faz uso de alguns recursos estilísticos, tais como:

    A) Metonímia — “Saíram dele mesmo estas verdades”.

    B) Metáfora — “Triste de face, o mesmo de figura”.

    C) Antítese — “Bem servido de pés, meão na altura”.

    D) Prosopopeia — “Bebendo em níveas mãos por taça escura”.

    E) Hipérbole — “(Digo, de moças mil) num só momento”.

  36. Questão 36

    (UFJF) O eufemismo é uma figura de linguagem em que se emprega um termo de sentido mais “leve” para falar de algo cujo significado é mais pejorativo. Qual das gírias abaixo foi formada a partir dessa estratégia?

    A) shippar = aprovar um novo casal.

    B) entregador = delator.

    C) broto = moça bonita.

    D) xaveco = conversa aplicada à paquera.

    E) desguiar na carreira = fugir correndo.

  37. Questão 37

    (UFJF)

    Endechas a Bárbara escrava

    Luís de Camões

    Aquela cativa
    Que me tem cativo,
    Porque nela vivo
    Já não quer que viva.
    Eu nunca vi rosa
    Em suaves molhos,
    Que pera meus olhos
    Fosse mais fermosa.

    Nem no campo flores,
    Nem no céu estrelas
    Me parecem belas
    Como os meus amores.
    Rosto singular,
    Olhos sossegados,
    Pretos e cansados,
    Mas não de matar.

    Uma graça viva,
    Que neles lhe mora,
    Para ser senhora
    De quem é cativa.
    Pretos os cabelos,
    Onde o povo vão
    Perde opinião
    Que os louros são belos.

    Pretidão de Amor,
    Tão doce a figura,
    Que a neve lhe jura
    Que trocara a cor.
    Leda mansidão,
    Que o siso acompanha;
    Bem parece estranha,
    Mas bárbara não.

    Presença serena
    Que a tormenta amansa;
    Nela, enfim, descansa
    Toda a minha pena.
    Esta é a cativa
    Que me tem cativo;
    E pois nela vivo,
    É força que viva.

    CAMÕES, Luís de. Lírica: seleção, prefácio e notas de Massaud Moisés. São Paulo: Cultrix, 1999, p. 73-74.

    Ainda ao produzir um retrato acerca da cativa, Camões mobiliza recursos expressivos típicos na lírica portuguesa, tais como:

    A) Comparações: Eu nunca vi rosa/ Em suaves molhos.

    B) Antítese: Nem no campo flores/ Nem no céu estrelas.

    C) Metáfora: Onde o povo vão/ Perde opinião.

    D) Metonímia: Uma graça viva/ Que neles lhe mora.

    E) Hipérbole: Presença serena/ Que a tormenta amansa.

  38. Questão 38

    (UFJF)

    Mitos, ciência e religiosidade

    Marcelo Gleiser

    11/04/2010

    É possível ser uma pessoa espiritualizada e cética

    Começo hoje com a definição de mito dada por Joseph Campbell, uma das grandes autoridades mundiais em mitologia: “Mito é algo que nunca existiu, mas que existe sempre”. Sabemos que mitos são narrativas criadas para explicar algo, para justificar alguma coisa. Na prática, não importa se o mito é verdadeiro ou falso; o que importa é sua eficiência.

    Por exemplo, o mito da supremacia ariana propagado por Hitler teve consequências trágicas para milhões de judeus, ciganos e outros. O mito que funciona tem alto poder de sedução, apelando para medos e fraquezas, oferecendo soluções, prometendo desenlaces alternativos aos dramas que nos afligem diariamente.

    [...]

    Einstein dizia que a busca pelo conhecimento científico é, em essência, religiosa. Essa religião é bem diferente da dos ortodoxos, mas nos remete ao mesmo lugar, o cosmo de onde viemos, seja lá qual o nome que lhe damos.

    Marcelo Gleiser é professor de física teórica no Dartmouth College, em Hanover (EUA), e autor do livro Criação imperfeita.

    Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1104201005.htm. Acesso em: 18 jul. 2019.

    Releia o trecho abaixo:

    “Mito é algo que nunca existiu, mas que existe sempre.”

    Ao levar em conta a construção da definição acima, pode-se dizer que ela contém uma figura de linguagem conhecida como:

    A) Pleonasmo, pois é construída através da redundância de informações com a intenção de produzir ênfase.

    B) Ironia, pois é construída através do emprego de termos que manifestam sentido contrário do seu significado.

    C) Paradoxo, pois é construída através do emprego de ideias opostas, que, no contexto, não se excluem, mas completam o conceito veiculado.

    D) Eufemismo, pois é construída através do emprego de termos que atenuam um pensamento que pode ser considerado desagradável para o leitor.

    E) Metáfora, pois é construída através do emprego de termos que carregam significado diferente do habitual, construindo uma relação de similaridade entre termos distintos.

  39. Questão 39

    (UFJF)

    A Maria dos Povos, sua futura esposa

    Discreta e formosíssima Maria,
    Enquanto estamos vendo a qualquer hora
    Em tuas faces a rosada Aurora,
    Em teus olhos e boca, o Sol e o dia:

    Enquanto com gentil descortesia
    O ar, que fresco Adônis te namora,
    Te espalha a rica trança voadora,
    Quando vem passear-te pela fria:

    Goza, goza da flor da mocidade,
    Que o tempo trota a toda ligeireza,
    E imprime em toda flor a sua pisada.

    Oh não aguardes, que a madura idade
    Te converta em flor, essa beleza,
    Em terra, em cinzas, em pó, em sombra, em nada.

    MATOS, Gregório de. Obra poética. Rio de Janeiro: Record, 1992.

    No poema acima, podemos acompanhar o esforço de persuasão do eu-poético para convencer a amada, sua futura esposa, dos efeitos cruéis que a passagem do tempo impõe à beleza e à juventude. Sua grande aliada nessa empreitada é a força dos recursos de linguagem que ele emprega. Dentre os versos selecionados abaixo, assinale a alternativa na qual o recurso da linguagem NÃO corresponda à sua função no poema:

    A) “Discreta e formosíssima” — Antítese usada para dar destaque à correção do caráter e à beleza física, reunidas na figura única da amada.

    B) “Que o tempo trota a toda ligeireza” — Aliteração, cuja função é a de pôr ênfase no movimento veloz do tempo.

    C) “Em terra, em cinzas, em pó, em sombra, em nada” — Gradação, representando a enumeração dos estágios de degradação da matéria humana.

    D) “Enquanto com gentil descortesia” — Paradoxo, utilizado para suavizar a ousadia da carícia feita nos cabelos da amada pela natureza.

    E) “Goza, goza da flor da mocidade” — Hipérbole, visando conter a euforia da amada diante da passagem do tempo.

  40. Questão 40

    (Unimontes)

    Beijos e abraços

    Os franceses se beijam, e não apenas quando estão se condecorando. Mas dois franceses só chegam ao ponto de se beijar no fim de um longo processo de desinformalização do seu relacionamento, que começa quando um propõe ao outro que abandone o “vous”, e eles passem a se tratar por “tu”, geralmente depois de se conhecer por alguns anos. Não sei se existe um prazo certo para o “vous” dar lugar ao “tu”, mas é um passo importante e, até ele ser dado, o cumprimento entre os dois jamais passará de um seco aperto de mãos.

    Os russos se beijam com qualquer pretexto e dizem que a progressão, lá, não é do aperto de mão para o abraço e o beijo, mas de beijos protocolares para beijos cada vez mais longos e estalados. Na Itália, os homens andam de braços dados na rua, sem que isso indique que são noivos, e o beijo entre amigos também é comum. Os anglo-saxões são mais comedidos e mesmo os americanos, que são ingleses sem barbatana, reagem quando você, esquecendo onde está, ameaça abraçá-los. Ninguém é mais informal que um americano, ninguém mais antifrancês na velocidade com que chega à etapa equivalente ao “tu” sem nenhum ritual intermediário, mas a informalidade não se estende à demonstração física. Até aquele nosso hábito de bater no braço do outro quando se aperta a mão, aquela amostra grátis de abraço, eles estranham.

    Já nós somos da terra do abraço, mas também temos nossas hesitações afetivas. O brasileiro é expansivo, mas tem, ao mesmo tempo, um certo pudor dos seus sentimentos. O meio-termo encontrado é o insulto carinhoso.

    [...]

    Luis Fernando Verissimo, O Estado de S. Paulo, nov. 1992.

    O narrador caracteriza o cumprimento entre homens amigos, no Brasil, como “insulto carinhoso”. O nome e o adjetivo da expressão estão numa relação semanticamente

    A) contraditória.

    B) sinonímica.

    C) metonímica.

    D) metafórica.