Exercícios sobre o gênero lírico

Estes exercícios sobre o gênero lírico abordam as principais características dos textos literários marcados pela subjetividade.

Publicado por: Luana Castro Alves Perez

Questões

  1. Questão 1

    (UFSCar – 2002)

    Soneto de fidelidade
    (Vinicius de Moraes)

    De tudo, ao meu amor serei atento
    Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
    Que mesmo em face do maior encanto
    Dele se encante mais meu pensamento.

    Quero vivê-lo em cada vão momento
    E em seu louvor hei de espalhar meu canto
    E rir meu riso e derramar meu pranto
    Ao seu pesar ou seu contentamento.

    E assim, quando mais tarde me procure
    Quem sabe a morte, angústia de quem vive
    Quem sabe a solidão, fim de quem ama


    Eu possa me dizer do amor (que tive):
    Que não seja imortal, posto que é chama
    Mas que seja infinito enquanto dure.
     

    Nos dois primeiros quartetos do soneto de Vinicius de Moraes, delineia-se a ideia de que o poeta

    a) não acredita no amor como entrega total entre duas pessoas.

    b) acredita que, mesmo amando muito uma pessoa, é possível apaixonar-se por outra e trocar de amor.

    c) entende que somente a morte é capaz de findar com o amor de duas pessoas.

    d) concebe o amor como um sentimento intenso a ser compartilhado, tanto na alegria quanto na tristeza.

    e) vê, na angústia causada pela ideia da morte, o impedimento para as pessoas se entregarem ao amor.

  2. Questão 2

    Sobre o gênero lírico, estão corretas, exceto:

    a) Gênero marcado pela subjetividade dos textos. Presença de um eu lírico que manifesta e expõe seus sentimentos e sua percepção acerca do mundo.

    b) As mais conhecidas estruturas formais do gênero lírico são a elegia, o soneto, o hino, a sátira, o idílio, a écloga e o epitalâmio.

    c) São longos poemas narrativos em que um acontecimento histórico protagonizado por um herói é celebrado.

    d) Nota-se, no gênero lírico, a predominância de pronomes e verbos na 1ª pessoa e a exploração da musicalidade das palavras.

    e) Os poemas do gênero lírico podem apresentar forma livre ou estruturas formais.

  3. Questão 3

    Leia os fragmentos abaixo para responder à questão:

    I.
    “A serena, amorosa Primavera, 
    O doce autor das glórias que consigo, 
    A Deusa das paixões e de Citera; 

    Quanto digo, meu bem, quanto não digo, 
    Tudo em tua presença degenera. 
    Nada se pode comparar contigo (...)”. 

    Nada se Pode Comparar Contigo - Bocage

    II.

    Canta, ó deusa, a cólera de Aquiles, o Pelida

    (mortífera!, que tantas dores trouxe aos Aqueus

    e tantas almas valentes de heróis lançou no Hades,

    ficando seus corpos como presa para cães e aves

    5 de rapina, enquanto se cumpria a vontade de Zeus),

    desde o momento em que primeiro se desentenderam

    o Atrida, soberano dos homens, e o divino Aquiles.

    Ilíada - Homero

    III.

    MADAME CLESSI – Deixa o homem! Como foi que você soube do meu nome?

    ALAÍDE – Me lembrei agora! (noutro tom) Ele está-me olhando. (noutro tom, ainda) Foi uma conversa que eu ouvi quando a gente se mudou. No dia mesmo, entre papai e mamãe. Deixe eu me recordar como foi...

    Já sei! Papai estava dizendo: “O negócio acabava...”

    (Escurece o plano da alucinação. Luz no plano da memória. Aparecem pai e mãe de Alaíde.)

    PAI (continuando a frase) – “...numa orgia louca.”

    MÃE – E tudo isso aqui?

    PAI – Aqui, então?!

    MÃE – Alaíde e Lúcia morando em casa de Madame Clessi. Com certeza, é no quarto de Alaíde que ela dormia. O melhor da casa!

    PAI – Deixa a mulher! Já morreu!

    MÃE – Assassinada. O jornal não deu?

    PAI – Deu. Eu ainda não sonhava conhecer você. Foi um crime muito falado. Saiu fotografia.

    MÃE – No sótão tem retratos dela, uma mala cheia de roupas. Vou mandar botar fogo em tudo.

    PAI – Manda.

    Vestido de noiva – Nelson Rodrigues

    IV.

    “ (…) Ele gostava de matar, por seu miúdo regozijo. Nem contava valentias, vivia dizendo que não era mau. Mas, outra vez, quando um inimigo foi pego, ele mandou: – “Guardem este.” Sei o que foi. Levaram aquele homem, entre as árvores duma capoeirinha, o pobre ficou lá, nhento, amarrado na estaca. O Hermógenes não tinha pressa nenhuma, estava sentado, recostado. A gente podia caçar a alegria pior nos olhos dele. Depois dum tempo, ia lá, sozinho, calmoso? Consumia horas, afiando a faca (...)”.

    Grande Sertão: Veredas – João Guimarães Rosa

    Os fragmentos acima representam, respectivamente, os seguintes gêneros:

    a) épico – lírico – dramático – narrativo.

    b) lírico – épico – dramático – narrativo.

    c) narrativo – dramático – épico – lírico.

    d) lírico – épico – narrativo – dramático.

    e) dramático – narrativo – lírico – épico.

  4. Questão 4

    Amor é fogo que arde sem se ver;
    É ferida que dói, e não se sente;
    É um contentamento descontente;
    É dor que desatina sem doer.

    É um não querer mais que bem querer;
    É um andar solitário entre a gente;
    É nunca contentar-se de contente;
    É um cuidar que se ganha em se perder.

    É querer estar preso por vontade;
    É servir a quem vence, o vencedor;
    É ter com quem nos mata, lealdade.

    Mas como causar pode seu favor
    Nos corações humanos amizade,
    Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

    Luís de Camões

    De acordo com as suas características, o poema pode ser classificado como um texto

    a) lírico.

    b) épico

    c) narrativo.

    d) dramático.