Exercícios sobre realismo no Brasil
Esta lista de exercícios vai testar os seus conhecimentos sobre realismo no Brasil, escola literária inaugurada no Brasil com a obra Memórias póstumas de Brás Cubas.
Publicado por: Warley SouzaQuestões
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Questão 1
O realismo no Brasil apresenta elementos que mostram explícita oposição ao estilo:
A) barroco.
B) árcade.
C) romântico.
D) naturalista.
E) simbolista.
Alternativa C. O realismo no Brasil é antirromântico, pois apresenta objetividade e ausência de idealizações.
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Questão 2
Assinale a alternativa que apresenta uma característica do realismo no Brasil.
A) Ironia.
B) Musicalidade.
C) Vassalagem amorosa.
D) Nacionalismo.
E) Regionalismo.
Alternativa A. O realismo no Brasil tem como principal representante o escritor Machado de Assis, o qual utiliza uma linguagem fortemente irônica em suas obras realistas. A musicalidade é uma marca da poesia simbolista. Já o romantismo apresenta características como vassalagem amorosa, nacionalismo e regionalismo.
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Questão 3
Marque V (verdadeiro) ou F (falso) para as seguintes afirmações:
( ) O romance Memórias póstumas de Brás Cubas inaugura o realismo no Brasil.
( ) Uma das principais temáticas do realismo no Brasil é o adultério.
( ) O realismo no Brasil apresenta uma forte visão determinista.
A sequência correta é:
A) V, V, V.
B) F, F, V.
C) V, V, F.
D) F, V, F.
E) V, F, V.
Alternativa C. Em 1881, Machado de Assis inaugurou o realismo no Brasil com o romance Memórias póstumas de Brás Cubas. A temática do adultério está presente na obra realista desse escritor. O naturalismo, e não o realismo, apresenta uma forte visão determinista.
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Questão 4
Todas as obras abaixo fazem parte do realismo no Brasil, exceto:
A) O alienista.
B) Quincas Borba.
C) Dom Casmurro.
D) Memórias póstumas de Brás Cubas.
E) Iracema.
Alternativa E. Iracema é um romance indianista e romântico do escritor brasileiro José de Alencar.
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Questão 5
Capítulo CXXIII
Olhos de ressaca
Enfim, chegou a hora da encomendação e da partida. Sancha quis despedir-se do marido, e o desespero daquele lance consternou a todos. Muitos homens choravam também, as mulheres todas. Só Capitu, amparando a viúva, parecia vencer-se a si mesma. Consolava a outra, queria arrancá-la dali. A confusão era geral. No meio dela, Capitu olhou alguns instantes para o cadáver tão fixa, tão apaixonadamente fixa, que não admira lhe saltassem algumas lágrimas poucas e caladas...
As minhas cessaram logo. Fiquei a ver as dela; Capitu enxugou-as depressa, olhando a furto para a gente que estava na sala. Redobrou de carícias para a amiga, e quis levá-la; mas o cadáver parece que a retinha também. Momento houve em que os olhos de Capitu fitaram o defunto, quais os da viúva, sem o pranto nem palavras desta, mas grandes e abertos, como a vaga do mar lá fora, como se quisesse tragar também o nadador da manhã.
MACHADO DE ASSIS. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.
Sobre o capítulo 123, do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, NÃO é possível afirmar:
A) A objetividade narrativa é pautada no detalhamento da ação e está centrada nas atitudes do narrador e da personagem Capitu.
B) A linguagem utilizada é subjetiva, marcada pelo excesso de adjetivos e pelo sentimentalismo exagerado.
C) A narrativa chama atenção pela sutileza, de forma a exigir do leitor do texto a capacidade de ler nas entrelinhas.
D) O narrador Bentinho deixa transparecer que sua esposa Capitu pretende ocultar o verdadeiro motivo de suas lágrimas.
Alternativa B. O capítulo é caracterizado pela objetividade do narrador, que mostra os detalhes da ação, centrada nas próprias atitudes e de sua esposa, Capitu. A linguagem utilizada não é subjetiva, há escassez adjetiva e nenhum sentimentalismo, pois o narrador apenas narra os acontecimentos, sem expressar arroubos emocionais. Com sutileza, ele sugere que Capitu quer esconder algo ao enxugar as lágrimas “depressa, olhando a furto para a gente que estava na sala”. Ao dizer que as “minhas [lágrimas] cessaram logo”, sugere que ele (o narrador) percebeu naquele momento que sua esposa poderia ter sido amante do defunto Escobar. Ele chega a comparar os olhos dela aos olhos da viúva.
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Questão 6
Capítulo LXX
D. Plácida
Voltemos à casinha. Não serias capaz de lá entrar hoje, curioso leitor; envelheceu, enegreceu, apodreceu, e o proprietário deitou-a abaixo para substituí-la por outra, três vezes maior, mas juro-te que muito menor que a primeira. O mundo era estreito para Alexandre; um desvão de telhado é o infinito para as andorinhas.
Vê agora a neutralidade deste globo, que nos leva, através dos espaços, como uma lancha de náufragos, que vai dar à costa: dorme hoje um casal de virtudes no mesmo espaço de chão que sofreu um casal de pecados. Amanhã pode lá dormir um eclesiástico, depois um assassino, depois um ferreiro, depois um poeta, e todos abençoarão esse canto de Terra, que lhes deu algumas ilusões.
Virgília fez daquilo um brinco; designou as alfaias mais idôneas, e dispô-las com a intuição estética da mulher elegante; eu levei para lá alguns livros, e tudo ficou sob a guarda de D. Plácida, suposta, e, a certos respeitos, verdadeira dona da casa.
Custou-lhe muito a aceitar a casa; farejara a intenção e doía-lhe o ofício; mas afinal cedeu. Creio que chorava, a princípio: tinha nojo de si mesma. Ao menos, é certo que não levantou os olhos para mim durante os primeiros dois meses; falava-me com eles baixos, séria, carrancuda, às vezes triste. Eu queria angariá-la, e não me dava por ofendido, tratava-a com carinho e respeito; forcejava por obter-lhe a benevolência, depois a confiança. Quando obtive a confiança, imaginei uma história patética dos meus amores com Virgília, um caso anterior ao casamento, a resistência do pai, a dureza do marido, e não sei que outros toques de novela. D. Plácida não rejeitou uma só página da novela; aceitou-as todas. Era uma necessidade da consciência. Ao cabo de seis meses, quem nos visse a todos três juntos diria que D. Plácida era minha sogra.
Não fui ingrato; fiz-lhe um pecúlio de cinco contos, — os cinco contos achados em Botafogo, — como um pão para a velhice. D. Plácida agradeceu-me com lágrimas nos olhos, e nunca mais deixou de rezar por mim, todas as noites, diante de uma imagem da Virgem, que tinha no quarto. Foi assim que lhe acabou o nojo.
MACHADO DE ASSIS. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.
O capítulo 70, do romance realista Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, menciona a casa onde Brás Cubas e Virgília tinham seus encontros extraconjugais. Nessa parte da narrativa, fica evidente:
A) o moralismo realista evidenciado na condenação do adultério.
B) a ironia machadiana ao evidenciar a corrupção humana.
C) a idealização feminina impressa nas atitudes de D. Plácida.
D) o sentimentalismo machadiano ao mencionar as atitudes de D. Plácida.
E) a idealização amorosa marcante na literatura realista produzida no Brasil.
Alternativa B. O narrador demonstra sua ironia ao evidenciar a corrupção humana por meio de D. Plácida, que, antes de receber cinco contos, “tinha nojo de si mesma” por ser cúmplice do adultério, mas, ao receber a quantia: “D. Plácida agradeceu-me com lágrimas nos olhos, e nunca mais deixou de rezar por mim, todas as noites, diante de uma imagem da Virgem, que tinha no quarto. Foi assim que lhe acabou o nojo”. Por fim, como perfeito exemplar do realismo no Brasil, o romance não apresenta idealização ou sentimentalismo (marcas da literatura romântica), e, no capítulo em destaque, não há apoio nem condenação ao adultério.
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Questão 7
Todos os trechos abaixo apresentam a interlocução típica das obras realistas de Machado de Assis, EXCETO:
A) “A obra em si mesma é tudo: se te agradar, fino leitor, pago-me da tarefa; se te não agradar, pago-te com um piparote, e adeus.” (Memórias póstumas de Brás Cubas)
B) “Não tremas assim, leitora pálida; descansa, que não hei de rubricar esta lauda com um pingo de sangue. Logo que apareceu na chácara, fiz-lhe um gesto amigo, acompanhado de uma palavra graciosa; Virgília retirou-se apressadamente da sala, onde ele entrou daí a três minutos.” (Memórias póstumas de Brás Cubas)
C) “Que Stendhal confessasse haver escrito um de seus livros para cem leitores, coisa é que admira e consterna.” (Memórias póstumas de Brás Cubas)
D) “Leitor, não é muito que percebas a causa daquela expressão e desses dedos abotoados.” (Esaú e Jacó)
E) “E agora prepare-se o leitor para o mesmo assombro em que ficou a vila ao saber um dia que os loucos da Casa Verde iam todos ser postos na rua.” (O alienista)
Alternativa C. O diálogo ou interlocução que o narrador machadiano mantém com leitor e leitora não ocorre neste trecho: “Que Stendhal confessasse haver escrito um de seus livros para cem leitores, coisa é que admira e consterna”, pois a palavra “leitores”, nesse caso, não se refere aos leitores da obra Memórias póstumas de Brás Cubas, mas aos leitores de uma obra de Stendhal.
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Questão 8
Capítulo LXXV
Provérbio errado
Pessoa a quem li confidencialmente o capítulo passado, escreve-me dizendo que a causa de tudo foi a cabocla do Castelo. Sem as suas predições grandiosas, a esmola de Natividade seria mínima ou nenhuma, e o gesto do corredor não se daria por falta de nota. “A ocasião faz o ladrão”, conclui o meu correspondente.
Não conclui mal. Há todavia alguma injustiça ou esquecimento, porque as razões do gesto do corredor foram todas pias. Além disso, o provérbio pode estar errado. Uma das afirmações de Aires, que também gostava de estudar adágios, é que esse não estava certo.
— Não é a ocasião que faz o ladrão, dizia ele a alguém; o provérbio está errado. A forma exata deve ser esta: “A ocasião faz o furto; o ladrão nasce feito”.
MACHADO DE ASSIS. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.
No capítulo 75, do romance realista Esaú e Jacó, de Machado de Assis, sobressai:
A) o tom irônico.
B) o sentimentalismo.
C) a idealização.
D) o determinismo.
E) o tom didático.
Alternativa A. Ironicamente, o narrador destaca a alteração de famoso provérbio, de forma a sugerir que o mau caráter já nasce com o indivíduo. Isso não se configura em determinismo, isto é, conceito naturalista que defende que a raça, o meio e a época determinam a vida do indivíduo. Por fim, predomina a objetividade, sem sentimentalismo ou idealização. O trecho também não é didático, pois não se propõe a ensinar, mas sim provocar, ironizar.
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Questão 9
Capítulo CC
Poucos dias depois morreu... Não morreu súdito nem vencido. Antes de principiar a agonia, que foi curta, pôs a coroa na cabeça, — uma coroa que não era, ao menos, um chapéu velho ou uma bacia, onde os espectadores palpassem a ilusão. Não, senhor; ele pegou em nada, levantou nada e cingiu nada; só ele via a insígnia imperial, pesada de ouro, rútila de brilhantes e outras pedras preciosas. O esforço que fizera para erguer meio corpo não durou muito; o corpo caiu outra vez; o rosto conservou porventura uma expressão gloriosa.
— Guardem a minha coroa, murmurou. Ao vencedor...
A cara ficou séria, porque a morte é séria; dois minutos de agonia, um trejeito horrível, e estava assinada a abdicação.
MACHADO DE ASSIS. Quincas Borba. 5. ed. Rio de Janeiro: Record, 2007.
O personagem Rubião, do romance Quincas Borba, após ficar rico, passa por uma transformação gradual no decorrer da narrativa. Assim, o narrador explicita seu gradual processo de enlouquecimento. No capítulo 200, Rubião está completamente louco e acredita ser o imperador Luís Napoleão. De forma irônica e cômica, o narrador machadiano, com a loucura do protagonista, possivelmente pretende:
A) conscientizar leitoras e leitores acerca da tragédia da loucura.
B) zombar da classe burguesa e sua mania de grandeza.
C) analisar a loucura por meio de um viés naturalista.
D) enaltecer a nobreza de princípios do protagonista.
Alternativa B. Uma das características do realismo no Brasil é a crítica à burguesia, classe da qual Rubião passou a fazer parte, assim que enriqueceu. Portanto, esta é uma possibilidade de interpretação: o irônico narrador machadiano está zombando da classe burguesa da qual Rubião faz parte, a qual teria mania de grandeza, já que Rubião acredita ser um imperador.
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Questão 10
Todos os pares de características abaixo demonstram a oposição entre realismo e romantismo, EXCETO:
A) Objetividade e subjetividade.
B) Crítica à burguesia e enaltecimento da burguesia.
C) Temática do adultério e idealização do amor.
D) Antirromantismo e antirrealismo.
E) Realismo e análise psicológica.
Alternativa E. O realismo e a análise psicológica são características realistas, não sendo nenhuma delas romântica.
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Questão 11
Marque V (verdadeiro) ou F (falso) para as seguintes afirmações:
( ) A objetividade é uma característica em comum entre o realismo e o naturalismo no Brasil.
( ) O romance Madame Bovary é uma famosa obra do realismo no Brasil.
( ) Todas as obras do escritor Machado de Assis fazem parte do realismo brasileiro.
A sequência correta é:
A) V, V, F.
B) F, F, F.
C) V, F, F.
D) F, F, V.
E) V, V, V.
Alternativa C. O romance Madame Bovary é uma famosa obra do realismo francês, de autoria de Gustave Flaubert. Já o escritor brasileiro Machado de Assis escreveu não só obras realistas, mas também obras românticas.
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Questão 12
Analise estas afirmações:
I- O romance Memórias de um sargento de milícias faz parte do realismo brasileiro.
II- As obras realistas de Machado de Assis explicitam personagens próximos da realidade, cujas ações apresentam segundas intenções.
III- O romance realista Lucíola é inspirado no romance francês Dama das camélias.
Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s):
A) I.
B) II.
C) III.
D) I e II.
E) II e III.
Alternativa B. Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida, é um romance do romantismo brasileiro. É recorrente nas obras realistas machadianas o jogo de interesses de personagens cujas ações não são desinteressadas. Por fim, Lucíola, de José de Alencar, é um romance romântico.